O inverno deixava a rua silenciosa, como se cada casa fosse um universo fechado em si mesma. Para Samanta, sua casa era exatamente isso: um refúgio. Trabalhava de home office, quase sempre de pijama, pouco preocupada com a aparência. Vaidade não era seu forte — até receber, naquela semana, uma caixa da Boutique Vermelho.
Dentro, lingeries e pijamas luxuosos. Um convite vermelho para ousar.
Samanta, sozinha em sua rotina, começou a provar as peças. A renda tocava sua pele e, pela primeira vez em meses, ela se viu de outro jeito: desejável. Sentia-se mais mulher do que nunca.
Sem perceber que a cortina estava aberta, atravessou a sala em direção à cozinha. Usava uma lingerie preta rendada que abraçava cada curva. Com os fones no ouvido e sua música favorita no volume máximo, deixou o corpo dançar sozinho. Quadris soltos, movimentos sensuais, como se fosse uma coreografia feita apenas para ela mesma.
Mas havia alguém observando.
Do outro lado da rua, no apartamento da frente, o novo vizinho — recém-chegado, solitário e silencioso — não conseguia desviar o olhar. A cena diante dele era hipnótica: Samanta, entregue à música, exalando prazer apenas por existir dentro daquela lingerie.
De volta ao sofá, Samanta abriu outra caixa vermelha. Um cartão dizia: “Permita-se ousar”. Dentro, um brinquedo em formato achatado, com vibrações múltiplas. Ela hesitou, respirou fundo… e pensou: “Por que não? Quem vai me julgar?”
A música embalava seus gestos. As mãos exploravam sua pele coberta pela renda. Aos poucos, retirou a calcinha, deixou-se cair no sofá e iniciou uma jornada íntima. O brinquedo vibrou entre seus dedos e o primeiro contato arrancou dela um gemido profundo.
Sem perceber o volume da própria voz, Samanta se contorceu em prazer. Seus gemidos ecoavam pela sala, mas não chegavam ao próprio ouvido por causa dos fones.
Do outro lado da janela, o vizinho estava tomado pelo tesão. Hipnotizado, começou a se tocar, acompanhando cada movimento dela.
O orgasmo veio rápido, mas não parou aí. Samanta estava há tanto tempo sem se permitir que o corpo reagia como se tivesse sede de prazer. Um, dois… ela perdeu a conta. Sentou-se no sofá, abriu bem as pernas apoiadas na mesinha de centro, a cabeça jogada para trás, gemendo como nunca. O corpo explodiu em um squirt intenso que molhou seus próprios lençóis.
Exausta, mas vibrante, levantou-se ainda nua, com a lingerie nas mãos. Ao se aproximar da janela para fechar a cortina, congelou.
O vizinho estava ali. Nu. Apoiado em sua mesa, punindo-se em êxtase, o olhar preso nela.
Por alguns segundos, o tempo parou. Samanta, nua e sem pudor, apenas o observou. O corpo dela ainda pulsava. O dele estava à beira do clímax. O encontro de olhares foi o suficiente para transformar o instante em um pacto silencioso de prazer compartilhado.
Ele não recuou. Gozo forte, à mostra, como se fosse uma oferenda.
Ela, em vez de fechar a cortina, deixou que a cena terminasse diante de seus olhos.
E só então, satisfeita, puxou a cortina devagar.
Com um sorriso.
Sabendo que aquele inverno jamais seria o mesmo.